Nos anos 1970, no Líbano, durante a guerra civil e sob o ataque israelense, al-Ali sentiu que estava no auge. "Eu enfrentava tudo isso, todos os dias, com minha caneta. Nunca senti medo, fracasso ou desesperança, eu não me rendia ... Meu trabalho em Beirute me aproximou mais uma vez dos refugiados nos campos, dos pobres e dos hostilizados". No entanto em 1982, Israel invadiu o Líbano com o intuito de aniquilar de uma vez por todas a OLP (Organização para a Libertação da Palestina). Centenas de refugiados palestinos foram massacrados pelos libaneses cristãos aliados de Israel nos campos de refugiados de Sabra e Chatila, em Beirute, enquanto o exército israelense isolava a área. Al-Ali ficou arrasado e voltou para o Kuwait. Em alguns cartuns Handala perdeu a serenidade e ergue os braços em fúria. Atirou pedras. (...)
Naji al-Ali continua um herói no mundo árabe, particularmente para os palestinos, que pronunciam seu nome com a mesma ternura com que mencionam seus grandes poetas. Sua figura icônica, Handala, ainda é um símbolo palestino vigoroso, e o será por muito tempo. Infelizmente, como as válvulas da violência e do desespero do Oriente Médio continuam abertas, ainda há muita coisa para Handala .
o cartunista palestino Naji al-Ali, foi muito importante ao denunciar e criticar toda essa situação envolvendo a questão Palestina.
Naji nasceu num vilarejo palestino chamado Ash Shajara em 1936, e tinha apenas 12 anos quando ocorreu a catástrofe ou "Nakba”, em que ele e sua família foram expulsos da Palestina e suas casas e foram obrigados a se mudar para um campo de refugiados no Líbano.
A imagem de sua terra natal, que nunca mais pode voltar, marcou para sempre sua vida e todo o seu trabalho. Principalmente por seu personagem principal icônico e muito conhecido, uma criança chamada Handala que aparece em quase todos os seus cartuns olhando para a imagem e, ainda que quase nunca vemos o rosto dessa criança, é possível sentir e compartilhar todo o sentimento ao ver a imagem completa, pelos olhos dela.
Ao longo de sua vida, Naji nunca foi filiado a partidos políticos, mas sua luta sempre foi muito clara e suas denúncias atingiam a todos, seja a crueldade e a opressão de Israel, como a questão do petróleo mal administrado pelos árabes, a corrupção entre outros absurdos. Exatamente por essa liberdade ao falar de todos os problemas que aconteciam que ele ficou famoso, criou muitos inimigos, irritou muitos árabes ao longo dos anos.
Morou no Líbano, depois no Kuwait (onde ele foi expulso) e foi morar e trabalhar em Londres,
Em 22 de julho de 1987, Naji al-Ali foi alvejado no rosto, em Londres, na saída do jornal Al Qabas, periódico kuwaitiano para o qual ele trabalhava. Morreu sete semanas depois, no Hospital Charing Cross. O principal suspeito do assassinato é o palestino Ismail Sowan, na época com 28 anos, um pesquisador na Hull University. Ismail confessou ser agente duplo, trabalhando tanto para a OLP, quanto para o Mossad
Se o velho ditado diz que uma imagem vale mais que mil palavras, ao ver um cartum de Naji, você tem a certeza de que esse ditado é mais que apropriado.